Gato Que Brincas Na Rua

Olá, cat lovers. Tudo bem com vocês?

Já não vos falo há bastante tempo, eu sei, mas o tempo é apertadinho para as poucas coisas que faço. Irónico, não é? É nestas alturas em que apetece ter vida de gato, onde se vive para comer e dormir. Mas não é tão fácil assim!

Da mesma maneira que eu penso nisso hoje em dia, já alguém o tinha pensado há muitos anos atrás, certamente. Pensar em como a vida de um gato é tão fácil, que até julgamos que os gatos têm uma sorte danada em ter a liberdade que têm, quando "sorte" nem é a palavra certa. Eu tenho gatos e sei do que falo, sei da boa vida que eles levam, sei das responsabilidades que eles não têm, sei das 19h de sono que eles podem atingir por dia, sei o quanto eles se esforçam para terem ração na tacinha da comida, entre outros. Coitados dos gatos, que vida ruim que levam! E, mesmo que não convivesse com gatos, aprenderia com os múltiplos vídeos que me aparecem no feed do Facebook e do Instagram. Eu adoro gatos e aprecio o modo de vida deles, porque, apesar de não terem de se esforçar muito para conseguirem viver e sobreviver (os gatos que têm donos, obviamente), eles, lá no fundo, fazem por merecê-lo com a sua ingenuidade. 
Da mesma maneira que eu me apercebo disto, já os antepassados tinham atingido esta ideia. E quando falo de antepassados, também falo em passados não muito longe do nosso presente. Gato que brincas na rua é um poema de Fernando Pessoa, um grandessíssimo poeta (e não só) português que nasceu no século XIX, onde este expressa o seu sentimento para com a espontaneidade do gato e compara as diferentes vidas, a sua e a do gato.

Gato que brincas na rua

Gato que brincas na rua
Como se fosse na cama,
Invejo a sorte que é tua
Porque nem sorte se chama.

Bom servo das leis fatais
Que regem pedras e gentes,
Que tens instintos gerais
E sentes só o que sentes.

És feliz porque és assim,
Todo o nada que és é teu.
Eu vejo-me e estou sem mim,
Conheço-me e não sou eu.
Fernando Pessoa


A felicidade de um gato é, realmente, genuína. Pessoa desabafa sobre a inveja que sente relativamente a esse aspeto, pelo facto de o animal ser feliz por nada, simplesmente nada, "Todo o nada que és é teu". A irracionalidade do felino faz com que o mesmo não pense nas suas ações nem nas situações em que se encontra normalmente e, por isso, age em qualquer sítio como se estivesse num sítio qualquer "Gato que brincas na rua / Como se fosse na cama". 
É maravilhoso como os gatos captam a atenção das pessoas, não é? Mas, sobre isso, eu falo num próximo post!

O propósito de aparecer com Pessoa neste blog relaciona-se com o facto de haver um interesse nesse mesmo assunto. E porque não poderia haver poema mais belo do que este pelo facto de se relacionar com gatos, não é verdade? (Estou a brincar, mas Fernando Pessoa nunca desilude, independentemente do tema.) 
No entanto, caso queiram apreciar mais e melhor as filosofias de Pessoa por alguém que é realmente louco pelo poeta, aconselho-vos vivamente a visita ao blog Nandi.Persona


Tommy Lee, um dos meus gatinhos

Beijinhos!





Comentários

  1. Mas que belo post, a enaltecer os gatos e também o poeta, Fernando Pessoa, obrigada por recomendares o Nandi.Persona :*

    ResponderEliminar

Enviar um comentário

Mensagens populares